10 abril 2007

Olhar para ti. Pensar em nós.


Sento-me contigo na cama. Dormes. Muito ao de leve. Sereno. Despertas ao mínimo ruído. Depois adormeces de novo. Gesticulas e espreguiças. Depois voltas à tua mágica tranquilidade. E eu estou contigo. Sentado na cama. Tu dormes. O mundo, esse, parou. Acho que será isto, afinal, a que chamam despertar para a paternidade. Olhar para ti e ter consciência de ti. E de mim.

Tenho 28. Que raio, filho, já estou quase nos 30, já viste? São quase três décadas. 30 anos. É já tanto tempo para uma vida normal, e contudo, tão pouco ainda. Olho-te, penso nos meus quase trinta. E o que me parece é que também eu, tal como tu, estou tão ainda no princípio. De repente, os 30 que me pareciam já tanto tempo já vivido na vida de uma pessoa passam a um instante. Um começar. Um sopro. Um suave sopro. Penso porquê. O que me ocorre é pensar que tu, aqui, na cama, a respirar sereno, a gsticular e esticar os teus bracitos, me fazes ter agora dois relógios. Um conta o meu tempo. O outro conta o nosso tempo. E no nosso tempo eu sou ainda, tal como tu, tão pequeno.

Afinal, é de facto milagrosamente especial poder, nem que por uns minutos apenas, poder parar o globo de girar e ficar contigo. Sós. No nosso segredo de silêncio âmbar e algodão. Simplesmente a contemplar. A deixar o tempo fluir. As ideias surgir. As palavras amontoando-se. Para aqui e para ali.

São estes os momentos especiais de quem te aprende e se reaprende.

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